4.2.08

chamadinhas - MillenniumBCP - estudo de caso II

[se quiser ler a primeira parte, clique aqui]


Até aqui a tratar entre líderes do sistema financeiro privado, líder de audiências nos telejornais e imprensa portuguesa, as pequeninas formiguinhas do aparelho socialista trabalhavam diligentemente para aproveitar a ocasião, sendo principal objectivo dominar e amortizar o impacto do maior banco privado portugês sobre o maior banco estatal português, a Caixa Geral de Depósitos.

Aparentemente, assim o fizeram crer à turba adormecida: são os vigilantes atentos do sistema, os coitadinhos enganados por lhes esconderem informação e por ficarem com a batata quente na mão. Dois aspectos são reveladores da incúria desabrida dos governantes e autoridades reguladoras: o primeiro é a falta de prudência, consequentemente da actuação em conformidade; o segundo é o da ingerência.

Quanto ao primeiro, estando atentos ao mundo, em particular ao mundo financeiro e com o que aconteceu recentemente com a queda de um dos mais sólidos bancos ingleses às mãos de um seu colaborador mais ousado (agora reforçado com o caso da Societé Generale de França), sabe-se perfeitamente que existem fugas aos sistemas de controlo financeiros, bem como os prevaricadores andam de levezinho, sem criar tensão, sobre as teias criadas para os apanhar e por outro lado, enquanto se ganha tudo anda sobre rodas, pois é especialmente acarinhado um certo risco que dê sobre-mais-valias.

Porquanto, esta é outra das conclusões, suas excelências aqui andaram
todos a dormir na formatura, pois se havia indícios de irregularidades denunciadas, em causa está a credibilidade do sistema financeiro, teriam toda a legitimidade para se instalarem de armas e bagagens no dito banco Millennium BCP com quantos profissionais fosse preciso, por forma a dar clara nota de vigilância activa e observação-actuação in loco, mesmo coerciva (esta é uma das maiores falhas do inocentismo português: a inoperância gera a desresponsabilização!).

No meio disto, há outro factor que nos faz perguntar, qual criança apanhada em flagrante com a boca cheia de chocolate e marcas denunciadoras de apetite e sofreguidão, se acaso o banco Millennium BCP é o único que usa contas off shore? Acaso é o único que usa contas em praças off shore para esconder operações menos claras ou fugir aos impostos? O Millennium BCP foi o único banco português que usou contas em praças off shore para financiar a auto-compra de acções, para o auto financiamento ou para o alto patrocínio de contas de familiares? A Caixa Geral de Depósitos ou suas participadas directas não usam contas off shore nas suas operações? O sistema bancário e financeiro português é impoluto neste aspecto ou é mais uma criança divertida que brinca apenas enquanto o brinquedo está escondido, é um segredo só dele e depois, quando descoberto, diz que não foi ele, foi o vizinho?

Quanto ao outro aspecto, última abordagem deste assunto por agora, creiam-nos seguros de que foram feitas as chamadas mais caras deste início de século, quer em valor quer em favor, sendo consequentes as faltas de ética tanto dos responsáveis governativos, quanto do quadro de admnistradores que transitou para o Banco Millennium BCP.

Primeiro ponto: Estas coisas não nascem por geração espontânea, são concertadas! Houve muita chamada telefónica a organizar, a recomendar, a apontar soluções,
a autorizar e, no fim, a comprar votos com favores, como é habitual nestas coisas que todos sabem, mas assim mesmo escondem.

Senão, vejamos as próximas movimentações no mercado onde esses mesmos accionistas estejam envolvidos, apanhando o comboio das benesses e algumas perguntas surgem naturalmente...o aeroporto OTA(Obra Transferida para Alcochete) está já aí para ser construído em Alcochete, não está? Que obras públicas serão encaminhadas para uns e outros? Quem vai financiar tudo isto? E não é preciso estar a comandar as diligências em pessoa, quando há oficiais das mesmas encarregues! Chamadas caras para o contribuinte, por sinal.

O Ministério Público não vê aqui motivo para uma intervenção a sério, do tipo Garçon ou como a Magistratura tomou as rédeas da luta contra a Máfia e a corrupção, em Itália? É difícil ver que há aqui claramente a mentira generalizada, a falta de ética, uma violação de direito pela ingerência do público no privado, quando precisamente sacodem a água do capote? É difícil ver que é por isto que o estado devora os nossos impostos e nunca saíremos da cepa torta? É difícil ver aqui o enrolo turvelíneo em que estamos metidos com estes senhores e no sistema actual de compadrios? Antes de andar entretido com assuntos de
lana caprina é melhor abrir os olhos e ter a coragem de intervir nestas situações!

Por fim, ética profissional e empresarial: era o mínimo que se exigia aos senhores administradores da Caixa Geral de Depósitos para sequer pensarem nesta solução de cozinha tradicional financeira à portuguesa. O mais triste nestas situações, é que nem se dão conta de serem uns peões de brega e fantoches na voragem do poder. A tomar de assalto a direcção executiva do maior banco estatal Caixa Geral de Depósitos para o maior banco privado português Millennium BCP, ficou claramente demonstrada a intervenção do estado português no sistema de mercado financeiro, incomparável ao condicionalismo industrial de Salazar com o Continente e as colónias ultramarinas de então.

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