8.7.08

ética à portuguesa

As ruas da amargura por que passam as instituições nacionais parecem justificar tudo e mais alguma coisa, designadamente da ética profissional e das confusões ético-profissionais desta ética à portuguesa, que pulula ainda entre os quadros dos funcionários do estado acima da lei e da ordem, acima da lei num do estado de direito, que na realidade é tudo menos um estado democrático.

O caso não é para menos e os responsáveis fecham os olhos: estamos a falar da promiscuidade e da devassa dos bens do estado, bem como das ameaças claras a pessoas e entidades particulares, associações ou empresas.

O rol de perguntas não se faz esperar, perante a gritante ineficácia das autoridades responsáveis e dos directores do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, que tem passado por ali, até ao actual:

Como é possível que um guarda do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, na zona de Aljezur, o seja à vez e em simultâneo, gerente, guia e sabe-se lá mais o quê de uma empresa de passeios pedestres na mesma área territorial e que supostamente devia defender o bem público, quando toda a gente sabe que não o faz?

Que ética e responsabilidade é esta?

Que direito tem o senhor guarda de ameaçar outros e que autoridade do estado representa: a sua ou do estado de direito?

Que direito tem o dito senhor, o xerife ambiental de Aljezur, de ameaçar, vociferar, impôr até a sua empresa como a credenciada para os passeios pedestres na área do Parque Natural da Costa Vicentina?

Que representa a farda de guarda do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina para o senhor xerife?

Que tem a dizer o ICN sobre esta situação, já que foi uma das entidades responsáveis, a par da tutela dos guardas (Ministério da Agricultura?), no meio desta confusão de reformas da sem reforma administração pública portuguesa?

Que herói do ambiente é este senhor guarda, ao vestir em simultâneo, armado e tudo, a pele de guarda do Parque Natural e de gerente da empresa local de passeios pedestres?

A sua actuação é diferente só porque a empresa está em nome da sua mulher?

As autoridades competentes andam a fazer de cegos ou querem vazar os olhos e dizer que aqui não há conflito de interesses?

Quando nada se vê concretizado por parte da fiscalização e policiamento ambiental no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina por falta de verbas e por falhas desta ética à portuguesa, nada mais há a dizer sobre as empresas nacionais e estrangeiras não licenciadas, que pululam em actividades durante todo o ano por essa costa fora, pelo lixo que superabunda nos parques de estacionamento, pela desordem e pela invasão abusiva de auto-caravanas, acampamentos selvagens, surfistas aos magotes, entre outras inúmeras situações sem qualquer controlo ou acompanhamento.

Os poderes destes pequenos poderosos locais, os caciquismos das ordens desordenadas, do salve-se quem puder e de quem vier que faça melhor, neste país de ingovernáveis lusitanos: sem palavras esta ética à portuguesa, a tirar do sério qualquer um e a fazer estourar os miolos de qualquer estrangeiro aqui neste Allgarve de sol e mar.

Vem aí a semana dos Parques Naturais, em Olhão e pode ser que seja ali que se vislumbre para além da cegueira e do argueiro nos olhos da República.

A justiça tarda, mas a cegueira não significa que não vê, apenas que o peso é colocado à direita e à esquerda nos pratos da balança.

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